ARTIGO

Março de 2022. Novo tempo, apesar dos flagelos, estamos crescidos, estamos atentos, estamos mais vivos. Novo tempo, nova aurora, onde se renova a esperança e o compromisso de cuidar do broto para que a vida nos dê flor e fruto.

A celebração da Quarta-feira de Cinzas nos convida a abraçar este “novo tempo”, a irmos para além do sabido, abrindo espaço para o novo de Deus manifestado nos sinais dos tempos. É esta abertura que nos possibilita a experiência da conversão, afinal a Quaresma é tempo de graça. Essa conversão deve ser vivida no âmbito particular e coletivo.  Desse modo, a Campanha da Fraternidade, neste ano, nos convida a meditar na figura de Jesus como o grande educador, que educa com amor. A CF 2022 tem como tema: “Fraternidade e Educação” e como lema: “Fala com sabedoria, ensina com amor” (cf. Pr 31,26).

No Auto da Compadecida, João Grilo na hora da aflição clama: “Valha-me Nossa Senhora, Mãe de Deus de Nazaré.” É comum neste tempo invocarmos Nossa Senhora com o título “das Dores”, que mais que uma alusão ao sofrimento, é um convite a tornar o sofrimento fator de crescimento. Digamos também: “Valha-me Nossa Senhora”, isso fazemos porque confiamos no que Cristo fez para com sua Mãe em nosso favor. De fato, entrega-Lhe o discípulo predileto e, nele, entrega cada um de nós: « Eis aí o teu filho ». E de igual modo diz a cada um de nós também: « Eis aí a tua mãe » (cf. Jo 19, 26-27). A Compadecida é o nosso modelo de identificação com a vontade divina e, por isso, quando imitamos o seu exemplo de obediência, de generosidade e de entrega, fazendo o bem aos outros, nós aprendemos a fazer da nossa vida uma oferta agradável ao Senhor. É como Maria e com Maria que queremos percorrer esse caminho quaresmal. Entremos na escola de Maria.

Por fim, destaco as celebrações de São José, esposo de Maria e a Festa da Anunciação de Nossa Senhora.  Bebamos desta fonte que é a Liturgia da Igreja, pois, “embora a Sagrada Liturgia seja principalmente culto da majestade divina, é também abundante fonte de instrução para o povo fiel (34). Efetivamente, “na Liturgia Deus fala ao Seu povo, e Cristo, ainda hoje, anuncia seu Evangelho. E o povo, por sua vez, responde a Deus com cânticos e orações” (SC, n. 33). Sendo assim, busquemos sempre mais crescer neste diálogo de amor que é meio para nossa santificação.

 

+ Roberto José da Silva
Bispo Diocesano de Janaúba